sábado, 10 de julho de 2010

Encontrando pessoas especiais

Acordamos tão cedo que a cidade ainda dormia. Trabalhamos um pouco nas nossas missões diárias, pegamos nossas máquinas e fomos para rua fazer foto de uma cidade muito organizada, além disso ela mostra em cada detalhe a sua história, uma história de garimpo.

Fotogênica é assim que chamamos uma cidade como Mucugê-BA. Com pessoas atenciosas que te atende com prazer, não se cansam de dar informação como é o caso de Roberto e Amália, donos de um receptivo de turismo Trilhas e Caminhos, juntamente com uma lojinha de artesanato.

Passar um pedaço da manha com eles foi muito gratificante pelo volume de informações que recebemos. Nosso trajeto vai ser incrementado pelos lugares sugeridos. Ela é psicóloga, jornalista e fotografa e ele é guia especializado em publicações de mapa, circuito, cartilhas e guias turísticos. O endereço na Internet deste simpático casal é http://www.trilhasecaminhos.com.br/.

Eles contaram que tem muita vontade de andar pelo mundo como nós. E perguntou se a gente vai aos pouquinhos ou de supetão. Nós falamos que era de supetão. Ela conta que os filhos tanto dela quanto dele já estão bem de vida e já não dependem deles. Outro lugar que eles querem fazer é o caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Isso lembrou nosso amigo Guido, que disse que vai fazer 14 vezes.

Hoje foi o dia de descobrir histórias. Acho que a melhor coisa que me aconteceu durante o curso de jornalismo, foi ouvir. E meu ouvido esta bem afiado, pena que minha cabeça não consegue mais guardar detalhes tão ricos que me são oferecidos. Usava um gravador, mas deixei emprestado, e a máquina que filmava acabou estragando na viagem.

Mas alguma coisa consegui guardar como a história de Seu Otavio. Um comprador de pedras preciosas, principalmente diamante, da cidade de Iguatu. Ele vive ali des do tempo em que a cidade era um garimpo. Hoje tem 86 anos, e vive na agonia de ter escondido suas pedras preciosas e de não lembrar onde guardou. Seu Otavio ficou rico, tanto na compra das pedras como quando os garimpeiros foram embora, ele comprou a maioria das casas na cidade. Mas um dia acordou pensando que seu filho ia roubá-lo. Então pegou toda a sua riqueza, que era guardada em casa, dinheiro, pedras preciosas, inclusive muitos diamantes e enterrou.

O pior é que esqueceu onde guardou tudo. Isso já fazem mais de 15 anos. Ele cavou ao redor da casa, no terreno, como ele diz por tudo mesmo. O dinheiro como contou Guimé, já não vai ter mais valor, mas as pedras o tornaria um homem muito mais rico do que já é, pois as terras e as casas ele não precisou enterrar.













Outro casal interessante que conhecemos hoje foi Heloisa e Roger. Ela de Campinas e ele americano de Cleveland, Ohio. Ele já mora aqui a 40 anos. Na verdade ele é plantador de abacaxi na cidade de Eunopolis -BA. Ela professora universitária da Unicamp em Campinas – SP. Os dois se conheceram pela Internet a seis meses, e estão namorando. Ele também tem terras na Chapada, mas preciso em Iguatú. Contou que comprou as terras por menos de R$ 0,01 o metro quadrado. Ambos gostam de conhecer gente, e tem muitas histórias para contar. Foi tão gostoso conhecer estas pessoas hoje. Que elas se tornaram o melhor atrativo do dia.













Outra figura interessante é o Amarildo dos Santos, ele escreve livros manuscrito. Quando você chega na cidade e começa a olhar as placas da casas, encontra uma muito gozada que diz: “O Ponto. Entre aqui e compre alguma coisa. Amarildo dos Santos.” Isso me deixou muito curiosa. A casa estava fechada. Uma menina gritou lá da rua. Abra a porta Amarildo.



Ele abriu a porta e eu entrei. Dentro da casa é um perfeito sebo. Tem de tudo. Disco de vinil, revistas velhas, pôster com o autografo da Xuxa, (ele é fã dela, tem vários pôster) e quatro livros com tema diferente que ele escreveu manualmente. Um livro conta a vida que ele leva numa comunidade minúscula. Realmente é um ponto desta comunidade que é imperdível.

Depois de apresentar nossos amigos é hora de falar das comunidades que visitamos. Mucugê é uma cidade muito bonitinha e tem o cemitério de Bizantino. As construções obedecem a um padrão de casas geminadas, rentes as calçadas com portas muito altas. A maioria delas bem conservada e algumas até com floranda na janela. Foi click que não parou mais. As melhores imagens você pode ver no slideshow que montamos.

http://www.youtube.com/watch?v=n1FBSz1g20c

Saímos de lá e fomos para Iguatu como Amália tinha indicado, quando chegamos no trevo a nossa surpresa maior era a estrada, calçada em pedras. E, ficamos imaginando o que estava por vir. Só o caminho já era uma história. O que encontramos foi uma vila muito simpática e receptiva e os moradores vieram conversar com a gente. Um deles foi o seu Otavio e o Guiné, o outro foi o Fernando.


Fernando estava de bicicleta com o filho e o sobrinho. Ele contou que já percorreu a América do Sul numa moto. Fez a carretera astral no Chile e o extremo sul da Argentina. Ele tem várias histórias e um DVD que fez da viagem. Depois de fotos e fatos, por indicação dos nossos novos amigos Heloisa e Roger fomos comer no restaurante da Rita. Eu comi um escondidinho de banana da terra com carne. Bom nem preciso falar, pois adoro banana na comida e esse purê de banana cozida estava simplesmente maravilhoso. O Walfredo comeu um peixe de água doce chamado Tucunaré. A comida era muito gostosa e barata.

Era hora de ir embora, Lençóis nos espera. No caminho passamos pela Toca do Morcego, onde as lavadeiras lavam suas roupas. Uma água corrente escura. Perguntei para o guia o por quê da cor, ele disse que continha muito tanino. A mesma substância que tem em alguns vinhos. Um lugar comum cheio de coisas para turista comprar, com banheiros e lugar para tomar um banho de rio. A água tem a temperatura em torno de 24̊C. Para mim é fria.

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