sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Vazios

Hoje o dia não amanheceu, não consegui dormir. A cena do fogo e de todos os nossos pertences vinha em cada segundo da noite. Eu sei que temos de agradecer pelas nossas vidas, mas perder tudo num piscar de olhos não é fácil. Ali estava a nossa história, estava um acervo fotográfico de 11 anos, os nossos equipamentos, as nossas roupas, a nossa casa, enfim tudo que gostávamos.


Não questiono e até acredito que vem coisa melhor. Mas o que posso registrar é que não precisava ser melhor, estávamos muito felizes com o que tínhamos. Não tínhamos necessidades de quer mais. Estava maravilhoso.

Isso era o Maximo, era tudo que tínhamos de meta para vida. O fogo queimou tudo em menos de 15 minutos e diante disso nos sentimos impotente, com as mãos amarradas. Nesse momento eram só eu e ele sozinhos, numa estrada sem movimento, no interior do interior, longe de tudo. Era um deserto seco e ventava muito, calor de 400 C.. Não tivemos medo, estávamos em estado de choque, melhor vazios.

Sangue corria em algumas partes do corpo e eu nem sentia. Descobrimos naquele momento o vazio e o impotente. Duas palavras que já foram referenciadas, mas que representam muito do momento. Agora me resta trabalhar. Buscar um emprego em algum lugar e seguir pensando na possibilidade de um dia poder voltar a sonhar com a ida no Alaska atravessando as três Américas.

Nesta tristeza conhecemos pessoas que amenizaram um pouco nossos sofrimentos, o Seu Zé Preto e Dona Graça. Ele foi um cara que apareceu do nada, lá onde tudo acontecia, nós deu a mão e nos levou para três municípios diferentes, em busca de uma delegacia que estivesse disposta a fazer o B.O. Em nenhum dos três tinha alguém querendo ajudar ou melhor disposto a fazer o B.O. Ele se prontificou a brigar pela gente fazendo mais de 100 km sem se quer nos pedir um tostão.

Depois veio a Dona Graça. Proprietária de uma farmácia. Que ao nos vê, sem muita explicação já foi resolvendo tudo para nós. Primeiro deu os remédios e material de higiene pessoal. Depois fez um proprietário de uma loja abri-la para pegar roupas. Em terceiro, buscou comida. Isso tudo sem ao menos saber o nosso nome. No outro dia pela manhã ela própria foi resolver a pendência do B.O. , rodou de taxi os 100 km que o Zé já havia feito e conseguimos sair com o B.O. manuscrito e ditado. Ela buscou carinho e conforto para nós.

Temos também de agradecer a preocupação de todos nossos amigos presentes, filhos e amigos faceanos pelas palavras e conforto. E, aos nossos amigos novos Elizeario e família pela preocupação. Agora estamos voltando pra casa sem o nosso sonho realizado. Só temos a dizer que foi triste ver 11 anos de planejamento destruídos em 15 minutos. Vazios e impotentes seguimos sem ao menos encontrar explicação.

5 comentários:

  1. Colegas, peço informar conta bancária para depósito de contribuição para ajuda na recuperação. Posso depositar só $300,00 mas é com muito carinho que quero contribuir. Se muitos colaborarem sua recuperação pode ser financeiramente mais fácil. Abraços. Antonio Acras Filho. (11) 99224-7188.

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    1. Bom dia Antonio,

      Ainda estamos muito tristes pelo acontecido, mas com muita vontade de recomeçar.
      Nosso muito obrigado pelo contribuição, ela é muito bem vinda. Nossa conta é Banco do Brasil, ag 5423-2 conta 47579-3 ou Itau ag 8560 conta 03126-5.ov
      Novamente agradecemos o carinho
      abs
      Familia Kumm

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  2. Olá, espero que possam recomeçar e espero que possa ajudar de alguma forma. Meu nome é Aleksey Aguiar Baranenko, que estava no seu voo Trip de volta de MG, que conversamos sobre a ideia da recuperação dos HDs. Qualquer ajuda que eu puder, basta entrar em contato (48) 9963-7720.
    Abs

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  3. Obrigada Aleksey, pedimos para o guincho verificar se encontrava os HDs, mas foram so cinzas mesmo.
    abraço
    Familia Kumm

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  4. Olá Sr. E Sra. Kumm,

    Só agora vi no blog que vocês tiveram problemas com o veículo.

    Sinto muito, espero que consigam em breve um novo veículo para continuar a expedição. Eu os acompanho por aqui sempre que posso.

    Obs.: Conheci vocês no Camping Esplanada na cidade de Rio Quente, Goiás.

    []'s
    Guilherme

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